Koyaanisqatsi
O Cais
Nº 97
Edição: março/2000
Ultimamente, as salas de projeção dos cinemas me levam a recordar Koyaanisqatsi. Dirigido por Godfrey Reggio, também responsável pela produção, com fotografia de Ron Fricke e música de Philip Glass, o filme não possui narrativa nem diálogos. Parte da força primitiva da natureza para a visão mecanicista da vida moderna. Quando as imagens enfocam metrópoles, destaca, entre outras mazelas, o lixo que as polui.
Por que as salas de projeção me conduzem ao filme de Reggio? Basta o primeiro olhar. Em algumas poltronas, também pelo chão, alguns espectadores costumam abandonar copos de papelão, invólucros de guloseimas, latas de refrigerantes, restos de pipoca…
A atitude deseducada e insensível não demora será encarada com naturalidade. Foi assim com as grades dos edifícios, agora igualmente presentes nas praças, inibidoras dos efeitos e não das causas, hoje consideradas mal necessário. A qualidade de vida progressivamente se degrada. Os engarrafamentos, a poluição do ar e das praias, a violência, a miséria, já integram o dia a dia das cidades. O significado da palavra escolhida por Godfrey Reggio para título do seu filme torna-se cada vez mais pertinente. Koyaanisqatsi, na linguagem da tribo Hopi, significa vida fora de equilíbrio, vida em desmoronamento.