Noturno em mi bemol & outros contos ligeiros
Enfim sós
O sítio recebera trato especiais. Os jardins, bem cuidados, eram prova disso. Também a grama, meticulosamente aparada, assim como a parte baixa dos caules das árvores, exibindo barras caiadas. Sobre as mesas, distribuídas pelo gramado, arranjos de flores silvestres. De ambos os lados, simetricamente colocados, archotes iluminavam a alameda principal. Do avarandado da casa, vinha o som de violinos. Os garçons esmeravam-se para bem servir. Câmera em punho, alguém filmava. Havia fotos também. Num momento, os padrinhos perfilaram-se junto ao casal. Noutros, foi hora de registrar o brinde, o rodopio da valsa… essas coisas todas que tradicionalmente acontecem.
Na alameda principal, a luz tênue de um archote teimoso bruxuleava em meio à névoa da madrugada. Quando já não restava um só convidado, os dois vieram caminhando pelo jardim. Beijaram-se no rosto, antes de entrarem nos automóveis.
O velho garçom viu-os transporem o portão, ganharem a estrada, tomarem rumos diversos. Enquanto recolhia as toalhas, meditava: trabalhara para os dois, quarenta anos atrás; agora, na festa do descasamento, voltava a fazê-lo.